sábado, 1 de dezembro de 2007

Cinema brasileiro de linha argentina e diretor chileno

Volto ao tema da guerra do post anterior, ainda que ainda esteja buscando um assunto pra falar de amor. “Tá tudo podre, a gente finge que é cego pra não ver”, diz León, protagonista de “Proibido proibir”, filme brasileiro de diretor chileno radicado por aqui que estreou em 2007. O filme, acho eu, passa de um jeito singelo, sem deixar de ser duro, por temas presentes em várias das produções nacionais mais polêmicas dos últimos tempos: classe média, boa vida e drogas, o encontro da zona sul carioca com o morro e a vida real, violência, morte, ação da polícia.

Até onde vi, não foi filme de grande repercussão, apesar de tratar dos mesmos temas que outros alardeados, como o Tropa de Elite. Tá, o tamanho das produções é diferente, mas o tema é sim parecido e este aqui me pareceu bem mais filminho da linha latino-americanos recentes, sem pretensão a blockbuster, menos ambiciosos mas tratando bem temas da vida urbana cotidiana. Me lembrou muito dos argentinos dos últimos anos, daqueles que dá gosto de ver e que tratam de temas políticos sim, sem que a política e a vida real estejam separadas.

Fui tentar conferir se a pouca repercussão do filme era desinformação minha. Descobri que o filme, feito com feito com R$ 1,1 milhão (baixo orçamento), foi bem em festivais desde 2005 (os links tão logo abaixo), passou um tempo sem distribuidor e estreou em uma sala em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília no meio de 2007. Proibido proibir inscreveu-se pra indicação brasileira pra concorrer ao Oscar e não ganhou atenção maior dos jurados, me dá vontade de saber por que.

Um triângulo amoroso (lembrou o também recente Cidade Baixa) e perda da inocência aparecem também, levados por personagens bem construídos o suficiente para não cair na armadilha de esquematizar o mundo em questões de gente engajada/não engajada, paulista/carioca, branco/negro, vasco/flamengo. Estão lá, mas não viraram lugares comuns a ponto de incomodar. O diretor foi roteirista de “Lúcio Flávio - Passageiro da Agonia", "Pixote - A Lei do Mais Forte".

A cena do cemitério, no meio de outras, me lembrou cena do “Rosário Tijeras”colombiano sobre mulher chefona do submundo de Medellín, também filme sobre a vida contemporânea, o envolvimento entre o mundo e o submundo. Acho que este nunca estreou no Brasil, passou por aqui em festivais. O filme é baseado no livro de Jorge Franco Ramos, colombiano.

"Proibido Proibir" vence Festival de Cinema de Bogotá, (EFE, 12/10/2007)
Filme de Jorge Duran vence prêmio no Festival de San Sebastián (EFE 22/09/2005)
Brasileiro "Proibido proibir" ganha prêmio no festival de cinema de Biarritz (Folha, 02/10/2006)
Filmes brasileiros agradam em festivais, mas podem nunca estrear (Folha, 31/10/2006 - 09h31)"Proibido proibir" ganha Festival de Viña del Mar (Folha, 20/11/2006)

Um comentário:

Rogério Tomaz Jr. disse...

você está muito belicosa!! rs

conhece "Se me deixam falar", história da Domitila Barrios de Chungara, militante boliviana da região das minas?

no meu blog tem um textinho sobre ela... fodástico o livro, ou melhor, a vida dela!

bjo!!